quarta-feira, 29 de abril de 2009

Mavutsinim: O Primeiro Homem -Pai Sumé - Avinhocá: A Origem do Arco



Mavutsinim: O Primeiro Homem


O primeiro homem (kamaiurá) No começo só havia Mavutsinim. Ninguém vivia com ele. Não tinha mulher. Não tinha filho, nenhum parente ele tinha. Era só. Um dia ele fez uma concha virar mulher e casou com ela. Quando o filho nasceu, perguntou para a esposa: É homem ou mulher? é homem. Vou levar ele comigo. E foi embora. A mãe do menino chorou e voltou para a aldeia dela, a lagoa, onde virou concha outra vez. - Nós - dizem os índios - somos netos do filho de Mavutsinim.


Pai Sumé

Todos os povos primitivos denunciam solene respeito por certos personagens que se impuseram à sua crença como entes privilegiados por um poder sobrenatural. A imaginação indígena se deleita em admitir a existência de heróis-mitos civilizadores cujos destinos se cruzam entre diversas tribos, oferecendo-lhes afinidades sociais. Sendo assim, encontramos em nossos estudos da religião dos índios brasileiros um verdadeiro super-homem , com múltiplas denominações.

Entre os tupinambás visualiza-se o culto à "Monan", uma espécie de deus semelhante ao cristão. Mas existia também um outro Monan, que também qualificavam de "Maire", ou seja, o "transformador". Espírito desenvolvido, conhecedor de sortilégios, a ação civilizadora de Maire-monan teria se manifestado na introdução da agricultura entre os avós dos tupinambás, para os quais teria trazido todos os vegetais necessários para a alimentação de seus descendentes.

Maire-monan, também revelou-lhes os segredos das plantas alimentícias, necessários para se distinguir os vegetais úteis e os nocivos, apontando-lhes o uso que podiam fazer de suas virtudes medicinais. Coube-lhe ainda, representar o papel de transformador de costumes e isso, ele fez por vezes, de maneira cruel, levantando contra si a cólera dos homens que recebiam o seu justo castigo. A vida de Maire-monan foi muito rica em peripécias de toda a sorte. Não se conhecem entretanto, casos ou episódios que ilustrem sua passagem marcante, pois movidos pelo ódio que despertavam suas sentenças, foi condenado à morte.

Conta-se que o convidaram-no para uma festa e obrigaram-no a saltar por cima de três fogueiras. Depois de ter sido bem sucedido na primeira, Maire-monan desmaiou na segunda e foi consumido pelas chamas. O estalo de seu crânio queimando, produziu o trovão, enquanto as labaredas da fogueira mudavam-se em raios.

Estes mesmas virtudes de que se revestiam o culto de Maire-monan, foram encontradas entre os tupis na figura de "Sumé". Os dados coletados pelos padres Nóbrega e Simão de Vasconcelos, viam em Sumé a figura de São Tomé, que os indígenas denominavam de "Zomé" e que, em épocas remotas, teria sido um guia esclarecido. Sumé também exerceu o papel de legislador,proibindo algumas tribos de poligamia e antropofagia. Em uma lenda, conta-se, que alguns índios enraivecidos pela limitação de sua sexualidade, atearam fogo à casa de Sumé. Outros falam que foi alvo de flechadas ou ainda que o amarraram a uma peada pedra e o jogaram no rio. E, há quem diga que foi submetido a uma prova de resistência e teve que caminhar sobre o fogo, queimando os pés.Os índios tupis acreditavam que Sumé partiu andando sobre as águas do oceano Atlântico e que prometeu voltar um dia para continuar sua obra civilizatória. Talvez esta profecia se cumpra e Sumé retorne para salvar os índios brasileiros.

Uma nova versão, conta que Sumé ao ser perseguido pelos tupinambás, foi para o Paraguai e dali para o Peru. Para esta travessia, teria aberto uma estrada que ficou conhecida como "Peabiru" ou o "Caminho das Montanhas do Sol". Recentemente, um arqueólogo brasileiro reconstituiu tal estrada, encontrando dezenas de marcos. Esta descoberta confirma que realmente existiu intercâmbio entre os indígenas do Brasil com os do Peru.



Avinhocá: A Origem do Arco


A origem do Arco (Kuikúru) Avinhocá resolveu às margens do rio Kuluene, acima da foz do Turuine (rio Sete de Setembro), reunir índios de todo jeito, mansos, bravos, para distribuir armas. O primeiro a aparecer foi o Kuikúru que tomou o arco branco. Daí em diante os Kuikúru e todos os seus parentes usam arco desse tipo. Depois apareceu outro índio, que pegou arco de madeira escura. Finalmente apareceu outro, que pegou a arma de fogo. Feito isso, Avinhocá mostrou uma pequena lagoa e mandou que todos se banhassem ali. Como a lagoa tinha muita piranha, jacaré, cobras etc., os índios ficaram com medo, o que fez Avinhocá ficar zangado. Os índios, então, molharam só as mãos e correram a enxugá-las num tronco de árvore. Essa árvore ficou com a casca branca - é o pau de leite. Um menos medroso obedeceu a Avinhocá e se atirou na lagoa, por isso ficou branco. Esse é o civilizado que pegou a arma de fogo. Nesse instante uma árvore gritou lá de dentro da mata e os índios responderam. Avinhocá predisse: "As árvores morrerão um dia e os índios também desaparecerão". Novo grito foi ouvido, desta vez vindo de uma pedra. O civilizado respondeu o grito e daí Avinhocá disse: "A pedra nunca morrerá e, portanto, os caraíbas nunca desaparecerão". Depois disso tudo Avinhocá determinou que todos fossem embora, cada um para um lado. Avinhocá ainda estava ali quando chegaram seus filhos, Tivári e Torrôngo. Nesse momento apareceu Rit-Taurinha. Deu óleo de pequi e a um dos filhos de Avinhocá e mandou que passasse no corpo. Avinhocá não deixou, dizendo que aquele óleo envelhecia. Para provar, passou o óleo no seu próprio corpo, ficando bem velho. Em seguida, Rit-Taurinha deu um pedaço de fumo ao outro filho de Avinhocá mandando que ele fumasse. Avinhocá interveio outra vez dizendo que o fumo é somente para os velhos. Moço, fumando, envelhece depressa. Por isso é que só índio velho é que fuma. Rit-taurinha partiu deixando Avinhocá e os filhos. Um deles, Tivári, resolveu casar e para isso reuniu todas as fêmeas das aves e bichos, e seguiu para a beira do rio. Chegando lá, disse que seria a sua mulher aquela que o acompanhasse. Dizendo isso mergulhou nas águas. A andorinha, porém, imprevidente, continuou esvoaçando por sobre as águas e, numa das vezes em que se chocava com a superfície, foi apanhada por Tivári, que a levou para a sua aldeia no fundo do rio. Todos acreditam que lá no fundo do rio há uma grande aldeia com bonitas roças.

domingo, 26 de abril de 2009

Yara - a rainha das águas



Yara, a jovem Tupi, era a mais formosa mulher das tribos que habitavam ao longo do rio Amazonas. Por sua doçura, todos os animais e as plantas a amavam. Mantinha-se, entretanto, indiferente aos muitos admiradores da tribo. Numa tarde de verão, mesmo após o Sol se pôr, Yara permanecia no banho, quando foi surpreendida por um grupo de homens estranhos. Sem condições de fugir, a jovem foi agarrada e amordaçada. Acabou por desmaiar, sendo, mesmo assim, violentada e atirada ao rio. O espírito das águas transformou o corpo de Yara num ser duplo. Continuaria humana da cintura para cima, tornando-se peixe no restante. Yara passou a ser uma sereia, cujo canto atrai os homens de maneira irresistível. Ao verem a linda criatura, eles se aproximam dela, que os abraça e os arrasta às profundezas, de onde nunca mais voltarão.

sábado, 25 de abril de 2009

Lenda da Vitória Régia














Os pajés tupis-guaranis, contavam que, no começo do mundo, toda vez que a Lua se escondia no horizonte, parecendo descer por trás das serras, ia viver com suas virgens prediletas. Diziam ainda que se a Lua gostava de uma jovem, a transformava em estrela do Céu. Naiá, filha de um chefe e princesa da tribo, ficou impressionada com a história. Então, à noite, quando todos dormiam e a Lua andava pelo céu, Ela querendo ser transformada em estrela, subia as colinas e perseguia a Lua na esperança que esta a visse.
E assim fazia todas as noites, durante muito tempo. Mas a Lua parecia não notá-la e dava para ouvir seus soluços de tristeza ao longe. Em uma noite, a índia viu, nas águas límpidas de um lago, a figura da lua. A pobre moça, imaginando que a lua havia chegado para buscá-la, se atirou nas águas profundas do lago e nunca mais foi vista.
A lua, quis recompensar o sacrifício da bela jovem, e resolveu transformá-la em uma estrela diferente, daquelas que brilham no céu. Transformou-a então numa "Estrela das Águas", que é a planta Vitória Régia. Assim, nasceu uma planta cujas flores perfumadas e brancas só abrem à noite, e ao nascer do sol ficam rosadas.
Origem: Indígena. Para eles assim nasceu a vitória-régia.